Abri os olhos devagar, a vista ainda estava embaçada, mas pude ver aqueles olhos grandes e brilhantes me encarando e sorrindo, apoiada a minha barriga, encarando-me nos olhos, como que querendo me engolir com aquela imensidão verde.
- Bom dia, irmãozinho! – Emma disse escandalosa. – Como está lindo hoje!
Eu dei um sorriso meio bobo, abraçando-a com toda a minha força, trazendo a garotinha para cima de mim e então, ela desequilibrou-se, quase caindo e ria-se, abraçando-me com força.
- Quem é a garotinha mais linda do mundo? – Eu disse tirando-a de cima de mim para facilitar a minha respiração, que já estava difícil.
- Sou eu, eu, eu! – Emma disse num sorriso lindo.
- Isso mesmo! É você, Emy.
Mamãe abriu a porta lentamente, olhando-me com aquele olhar de preocupação e, ao perceber que eu a olhava, abriu um extenso sorriso e veio correndo para me abraçar.
- Filho, você acordou! – Abraçava-me com força, meus ossos pareciam partir-se. Mamãe estava tão mais magra. – Vem, vou te levar ao banheiro.
-Mãe! – Reclamei , olhando-a .
- Filho, você acabou de fazer uma cirurgia, não pode ir andando assim, sozinho. – Ela olhou para mim com ar de reprovação. – Cuidado, você ainda está no soro!
Eu, teimoso como sempre, apoiei-me na cama e levantei-me, pisando ainda um pouco tonto no chão e erguendo-me com dificuldade. Acabei por me desequilibrar e, por pouco, não caí no chão. Mamãe havia me segurado.
- Eu disse para não se levantar sozinho. Mas que garoto teimoso! – Mamãe agarrava o meu braço e começou então a me conduzir até o banheiro, sob o olhar assustado da Emma.
- Valeu mãe – disse, ao chegar à porta do banheiro – obrigada – e entrei com ela no banheiro.
Sentei no vaso com a tampa fechada, fechei os olhos por alguns instantes, lembrando do ultimo show que tinha ido... Estava com a Carly, mas não conseguia tirar os olhos da Coke, a vocalista do kids out of the city. Ela estava muito bonita e a voz dela me impressionava, como sempre e a Carly estava com muitos ciúmes, percebi nos olhos dela, mas não acredito que ela sentiu isso afinal, a Coke é famosa, rica, cheia de amigos e com uma carreira e futuro brilhantes à frente. Não valia a pena tanta coisa.
- Matt, você tá O.K. ? – Era a Carly que enfiara a cabeça dentro do banheiro.
- Tô. – Respondi voltando à realidade.
Com a ajuda da mamãe, levantei-me, escovei os dentes ainda com um pouco de dificuldade em manter-me de pé e fui conduzido para fora do banheiro.
- Matt! - Carly correu, vindo de encontro a mim, abraçou-me com força – Estive preocupada. Eu me senti culpada, Matt, porque você começou a se sentir mal quando eu estava dando um daqueles meus ataques idiotas.
- Ah, tudo bem, Carly. – Afastei-a, segurando em seus dois braços, olhando ainda para ela e forçando um sorriso sem graça. – Olha, Carly, não dá mais.
- O que? – A Carly segurou em meus braços com força, a unha dela começava a cravar na minha pele. – O que disse, Mattew?
- Eu disse que não dá, Carly. – Repeti,soltando-a e tentando soltar os meus braços das unhas dela. – Você é ciumenta e nervosa. Não sabia que era assim e não estou agüentando mais. Agora me solta, Carly! – Disse educadamente, mas firme, olhando-a fixamente nos olhos.
A mamãe e a Emma olhavam a cena, mudas, lábios entreabertos, prontas para atacar a Carly, caso ela quisesse fazer algo, mas não foi preciso. Comecei a ficar tonto e tudo começou a ficar embaçado. Quando dei por mim, estava sentado no chão.
- Olha Matt, não sei o que deu em você! Eu... Eu... Vou embora e deixar você pensar no que disse. Com certeza vai se arrepender, então me liga depois. – Carly estava com a voz engasgada, saiu correndo e bateu a porta com força.
- Maninho – Emma sentou-se ao meu lado, com um olhar preocupado, pegou em minha mão e amparou-a em suas duas mãozinhas. – Vem deitar aqui de volta, mamãe foi chamar a enfermeira. Vou cuidar de você por enquanto, maninho.
Levantei-me com dificuldade e a Emma me conduziu até a cama e eu deitei-me, um pouco incomodado por ainda estar de toalha. Minha irmã afastou meu cabelo da testa e acariciava-me a face, olhando para mim e cantando uma canção de ninar.
- Matt, você gosta daquela banda, né? Kids with gun.
- Kids out the city. – Sorri, ainda tonto, segurando a mão da minha pequena irmã. – Gosto sim, Emy, por que?
- Por nada. – Emma sorriu, levando a mão até a boca e fechando um dos olhinhos, naquele gesto infantil, que ela não abandonara. – Eles ainda estão aqui, sabia?
- É, eu sei. Ei! Como sabe de tudo isso? Andou mexendo em minhas coisas? – Tudo em volta estava embaçado.
- Nada disso, maninho, eu sei que você não gosta que ninguém pegue nadinha seu. Só quero saber . – Emma ria-se, passando agora a mão em meus cabelos. – Fecha os olhos, tá?
“Este foi apenas efeito colateral do sedativo. Vou aplicá-lo outra vez e você irá dormir, então faremos alguns exames e você voltará daqui a três dias, ok? Vai ficar tudo bem. Não se preocupe, fique calmo e assim irá nos ajudar e poderemos acabar com isso da melhor forma.”
Por fim, vi a enfermeira injetar algo em meu soro e aos poucos, fui apagando, sob o olhar verde de minha Emma.
Mattew Robert Williams