
Desfarçadamente, abaixou o livro, olhando por cima dos óculos e dando um sorriso discreto com o canto dos lábios. Conhecia aquele andar, só podia ser ele! "É ele, é ele". Animou-se, ajeitando-se na cadeira, mas uns fios caíam-lhe sobre a face corada, mesmo que ela os retirassem. Passou a mão no rosto, como se isso fosse desfarçar a vermelhidão. Abaixou a cabeça, tentando voltar a ler o seu livro, mas não se concentrava. Foi quando um barulho a fez erguer a cabeça. Não podia ser! Ele puxara a cadeira e estava ali, sentado de frente a ela a encarar-lhe, sorrindo.
-Oi - ele sorriu para ela quando olhou-o assustada.
Ela gaguejou, sorriu, tirou a franja do rosto, suspirou, abaixou a cabeça, ergueu-a, gesticulou, mas nada saiu. Ela não conseguia falar ali, de frente a ele. Então ele pôs a mão sobre a dela e, olhando-a nos olhos, perguntou se estava tudo bem.
-Não.. - ela murmurou, mas ao ver que o rapaz havia se assustado, concertou-se - .. Eu... Só estou um pouco tonta. - Levantou-se mas, com as pernas tremendo, desequilibrou-se e quase caía, mas ele a segurou. - Obrigada, Matheus...
Ele sorriu, mas logo desfez o sorriso, dando lugar a uma expressão preocupada. Disse que não deixaria ela voltar sozinha para casa e convidou-a a sair da biblioteca, mas ela negou-se. Precisou insistir, segurando-lhe as duas mãos. "Vamos, Lara". Então, ela cedeu e resolveu ir, ele argumentou que deveria ser pressão baixa e levou-a a uma lanchonete. "Vai sair comigo". O coração dela disparou ao ouvi-lo e então, abaixou a cabeça com o rosto corado.
Foram até uma lanchonete bem próxima dali, mas ela não queria comer nada, não queria conversar, apenas olhava-o comer um hamburguer e tomar rapidamente o refrigente distraidamente, enquando olhava para o lado de fora sem se dar conta de que ela o encarava. Então, percebeu.
- Por que não quer comer, Lara? - Rindo, passou o dedo de catchup no nariz da garota, fazendo-a rir genuinamente pela primeira vez.
- Sem vontade... - ela pegou o guardanapo e limpou o nariz, ainda olhando-o e então, ele balançou a cabeça para os lados e colocou a mão sobre a cabeça dela.
-Por isso que estava tonta: porque não come!
- Não, não é isso... - ela abaixou a cabeça com o rosto vermelho, apoiando as mãos nos joelhos e empurrando-os um contra o outro pensando no que dizer.
- Claro que é isso! O que mais poderia ser? - ele olha-a, franzindo a testa, intrigado.
- Eu... Eu... Eu gosto de você, Matheus! Desde a primeira vez que o vi na biblioteca, desde que começamos a conversar, desde que notei o quanto é inteligente e sensivel... e incrível! Mesmo sem você nunca ter se interessado por mim, eu sempre gostei de você! Gosto a tempo e não minto: nestas últimas semanas, não passei um dia sem pensar em você! Sei que nunca vai olhar pra mim com outros olhos e eu sou só uma garota timida então, nunca vou ter chance, mas precisava falar porque está sendo tão bonzinho comigo então...
Ela não pode concluir: Matheus estava de pé, com o corpo próximo ao dela, as duas mãos no rosto da garota e os seus lábios próximos ao dela. - Não fala mais nada, Lara, eu sinto o mesmo. - Beijou-a.
Lara segurava-se na cadeira, os olhos fechados, experimentando todas as sensações possiveis que variavam entre extase e alegria, enquanto estava ali, sendo abraçada e beijada por um garoto incrível, por um garoto inteligente, que falava sobre política, que fazia ela rir e tremer de ansiedade e timidez.
- Eu adoro quando fica assim, vermelha. - Matheus olhou-a nos olhos e acariciou-lhe o rosto. - Na verdade, adoro tudo em você, Lara.
O coração dela não poderia estar mais acelerado e a alegria não podia ser contida, precisava explodir então, ela abraçou-o com força.
- Não quero que isto tenha fim! - Ela disse num impulso, fechando os olhos com força.
- Não vai. Você vai ser a minha namorada pra sempre. - Matheus apertou o abraço.
- Namo.. - Lara abriu os olhos, sentindo seu coração disparar.
- Namorada. - Matheus sorriu e tornou a olha-la nos olhos. - Você é linda, sabia?
Lara riu, nervosa e abaixou a cabeça com o rosto corado. Só podia ser sonho! Mas por que então ela se beliscava e não acordava? Era a felicidade vindo chamá-la e ela resolveu aceitar o convite e também aceitou o convite de Matheus de sair a noite para olhar as estrelas. Era o começo de tudo, o resultado de sorrisos, de cócegas, de conversas descontraídas e conversas sérias... Paixão!